Pequim
Uma cidade de contrastes
Teve lugar em Pequim, entre os dias 5 e 25 de Maio, um ‘Seminário sobre Língua e Cultura Chinesas para funcionários dos Governos dos países membros do AIIB’ (Asian Infrastructure Investment Bank). Portugal, membro fundador do AIIB, foi igualmente convidado para este efeito, tendo assegurado a presença de quatro participantes nacionais, entre os quais fui incluída. Posso começar por dizer que não me via no continente Asiático, muito menos a viver cerca de 20 dias em Pequim, mas as já referidas auspiciosas circunstâncias profissionais trouxeram até mim esta oportunidade que me proporcionou uma experiência tão positiva e tão rica que é difícil transpor em palavras.
A cidade conquistou-me desde o primeiro momento, as pessoas conquistaram-me desde o primeiro momento, para mim a cidade de Pequim reflete quem a habita.
Os habitantes de Pequim são afáveis, simpáticos, prestáveis, no sempre alerta e em rebuliço permanente embora por vezes confusos e rudes nas suas maneiras aos nossos olhos europeus, são gentis e acolhedores, sendo que por isso mesmo a língua surpreendentemente nunca foi uma verdadeira barreira.
A cidade, de dimensões difíceis de interiorizar para um português, torna-se o nosso lar naturalmente e em pouco tempo.
Pequim é hoje uma capital na verdadeira ascensão da palavra, é internacional, é moderna, é rica e é ao mesmo tempo orgulhosa da sua história, da sua cultura, da sua herança e consciente da sua grandeza e magnificência.
Cada avenida, cada rua, cada templo desta cidade milenar é uma nova cidade dentro da cidade, contornar uma esquina pode mudar toda perspetiva do bairro, do mais moderno ao secular, Pequim tem tudo o que possamos imaginar.
Como me proporcionaram também a possibilidade de viajar dentro da China, visitei a cidade de Shenzhen no Sul, clima evidentemente subtropical e situada mesmo ao lado de Hong Kong. Esta cidade satélite e concorrente da sua famosa vizinha é uma vez mais impressionante na sua modernidade.
Não vai deixar de me espantar a capacidade deste País, com esta dimensão, ter a infindável capacidade e vontade de se reinventar, de criar condições para competir, de criar condições para ser uma superpotência mundial, e esta capacidade está resumida numa simples visita a Shenzhen. E assim em pouco mais de 36 anos uma NYC asiática surgiu de uma pequena aldeia piscatória.
Os contrastes para a milenar Pequim são deveras evidentes, como exemplo os seus habitantes são totalmente diferentes, mantendo o seu lado afável e prestável, são muito mais” ocidentalizados”, mais modernos, mais preocupados com a sua imagem, mais business focused. O capital investido e gerado por esta cidade é a base da open policy da China e do seu futuro no mundo global, onde reinam as novas tecnologias.
Na minha memória vão para sempre ficar gravadas as impressionantes paisagens, os edifícios, os templos, as ruas e ruelas.
A Grande Muralha, pois garanto que nenhuma fotografia fará justiça à magnificência desta obra.
A Cidade Proibida com um encantamento que parece pairar no ar dentro das suas paredes, dos magníficos jardins, das escadarias e das praças.
A Praça Tiananmen, pelo que representa e pelo peso da história recente.
Os Hutong, desde os mais modernos e recuperados aos tradicionais como se o tempo ali tivesse parado e a vida continuasse a ser como foi desde há séculos. Por mais que a cidade mude e cresça ainda mais, os Hutongs estão no coração dos seus habitantes e ficarão para contar a história de Pequim.
Tudo o que aprendi e absorvi nestes 23 dias, do Mandarim à Cultura, da Economia à música, aos sabores e aos cheiros…da força de vontade à capacidade de trabalho…
Mas sem dúvida que o vou guardar de mais significativo são as pessoas…fiz amizades para uma vida inteira, conheci pessoas de mais de 9 nacionalidades, conheci as suas distantes culturas totalmente diferentes da europeia, mas das diferenças evidentes de entre todos nós encontrámos mais em comum do que alguma vez pensámos, como somos todos tão iguais na nossa humanidade é imensurável na sua riqueza e na sua importância na minha vida pessoal e profissional daqui em diante.
A China mudou-me para sempre…voltar a Pequim estará sempre destinado… yītiān.
Xièxie!
Cláudia Sousa

